sábado, 27 de julho de 2019

Ayrton Senna - (Letícia Araujo)




Nas estrada sinuosas vi meu destino,
Meu pai me disse:
"filho, supere seus limites"
No inconsciente gravei: 
"Viva rápido, morra jovem !!!!"
...e a morte foi minha companheira !
"minha morte nasceu comigo, brincou comigo...(Mario Quintana)"
...e correu comigo!
Venceu curvas e superou limites,
Travestida de belíssima ninfa, de alvíssimas vestes...
...com um misto de ternura e cinismo me convidava a desafiá-la.
E sob essa estrela acumulei vitórias,
E sob o signo de Alexandre, ganhei o mundo,
Mas serei vencido por um muro,
Assim como o macedônico foi vencido pela febre.
A multidão anônima não acreditará,
Pois seus heróis não podem ou não devem morrer.
E quando minha ausência se fizer firme como meus troféus na estante,
Lágrimas quentes das amantes abençoarão a TV,
Não entendendo elas que a Morte as substituiu,
E amparado em seus braços e seios de ninfa,
Penetrando em suas entranhas,
Lhe provarei o supremo orgasmo.
Ponho o capacete e acelero a máquina que me levará a uma viagem sem retorno,
Estou no asfalto - duzentos quilômetros por hora!
Sinto-me livre, mas estou preso aos limites da estrada,
Ao circulo vicioso das curvas como a alma humana esta presa ao círculo vicioso das reencarnações.
E só aqueles que superam seus limites vencem esse círculo,
E transformam numa reta as curvas sinuosas do destino.
Firme piso no acelerador e supero mais uma curva,
Agora são 250 quilômetros por hora !!!!
Meu gólgota e minha cruz me esperam...
...em Imola me imolei !!!!
E tomo do cálice, pois no vinho do sacrifício há mel dulcificante.
E no êxtase máximo do passamento tomarei a morte em meus braços,
E nos promiscuiremos nos alvos lençóis do etéreo
Como amantes que há muito se procurassem,
E derramarei meu sêmen no espaço!
Acelero ainda mais: 300 quilômetros por hora!
É chegado o momento da morte da semente nas entranhas da terra...
...para gerar vida !!!
E o muro que me aguarda são os braços ciclópicos dos moinhos que venceram Don Quixote.
E eis que a curva traiçoeira do destino se transforma numa reta!
Já posso ver o muro mais adiante!
É questão apenas de segundos...

A morte, belíssima ninfa, vestes alvíssima, como noiva ataviada abre os braços e me sorri.

"Doce companheira que esperei por toda vida,
Receba-me em seus braços, ampara-me,
Deixa-me repousar a cabeça dolorida em seus ombros."

E enquanto meu corpo de carne se desagrega
O infinito se abre diante de mim
Como estrada imorredoura, contínua, reta,
Para os desafios de uma eterna Pole Position.


sábado, 6 de julho de 2019

Safo na praia de Candeias (Pernambuco)




JÁ MADURA, SOZINHA E ABANDONADA
COMO UMA NÁUFRAGA EM UMA ILHA DESERTA
 A POETISA SAFO RECORDAVA
SEUS AMORES FEMINIS...
JUNTANDO O QUE ENCONTRAVA PELA PRAIA
EM SUAS CAMINHADAS
À LUZ DO SOL E À LUZ DA LUA
RECOMPUNHA OS VULTOS
DE SUAS AMIGAS AMADAS...
E EM SEU DELÍRIO
JULGANDO ESTAR DE FATO DIANTE DELAS
COMPUNHA VERSOS
E CANTAVA PARA ELAS...
A FIGURA QUE VEMOS
QUE SE ENCONTRA NO MUSEU HELÊNICO DE POESIA LESBIANA
CHAMAVA-SE ANACTÓRIA...
 FOI PARA ELA
QUE SAFO COMPÔS E CANTOU
 ESTA  CANÇÃO

Sérgio Luís Andrade Lima